terça-feira, novembro 08, 2016

Ordem dos Enfermeiros não se manifesta??!

Em pouco tempo, os Técnicos de Emergência viram a sua carreira aprovada, as farmácias viram o seu espectro de actividade aumentado, o acto médico foi redigido (limitando os Enfermeiros), a Ordem dos Médicos propôs um novo perfil (condição: licenciatura em Medicina) para os gestores do SNS, o Bastonário dos Médicos enxovalhou e minorizou a actividade dos Enfermeiros da linha Saúde 24, o candidato a Bastonário dos Médicos, Álvaro Beleza, afirmou que os Médicos devem ser os líderes do sistema, militares da GNR humilharam os Enfermeiros... e, agora, foi publicada legislação sobre a prescrição e comparticipação do material para as ostomias.

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Sintetizando: os Enfermeiros formaram-se e especializaram-se em ostomias, fazem TODO o trabalho de forma independente nesta área (pedagógico, curativo, profilático, etc.)... e a prescrição é dos Médicos??!?!?

74.

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Há exactamente 74 dias, a Ordem dos Enfermeiros exigiu a demissão do Conselho de Administração (CA) do Hospital de Guimarães (porque o CA admitiu que as greves dos Enfermeiros têm impacto na mortalidade dos internados) e prometeu levar o caso a Conselho Jurisdicional. 
O CA continua no seu exercício normal, numa calma lunar.

A CHUCadeira medieval.

Fonte (imagem): DC
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O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra é um paradoxo. Auto-intitula-se como o(um dos) melhor(es) do país, todavia, em boa verdade, em vários aspectos ainda se conserva na idade média.
Enquanto algumas classes (que fazem questão de solicitar o tratamento por "Professor", "Professor-Doutores", "Sua Majestade" e outras vaidades anedóticas, etc.) auferem salários principescos (fruto de prémios, incentivos, pseudo-trabalho extraordinário, prevenções 24/7, etc.), o CHUC ainda tem serviços que dividem auxiliares durante a noite!!
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Ainda tem serviços onde o stock é contabilizado manualmente pelos Enfermeiros prestadores de cuidados (os Chefes preferem estar no solário). Ainda tem serviços onde os EPI's são doseados como quem doseia ração.
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É um hospital tão pobre que as batas/fardas dos Médicos nem têm bolsos para um miséro estetoscópio.
É um hospital onde uns têm privilégios de estacionamento. Os outros têm de ir deixar o carro ao mato ou no lamaçal.
É um hospital onde os quartos dos Médicos são maiores do que as salas de trabalho dos Enfermeiros.
É um hospital onde os utentes internados é que se deslocam entre edifícios para ser observados pelo Médico, como consequência de uma filosofia médico-centrista elevada ao expoente máximo.
É um hospital onde as gavetas dos Enfermeiros Supervisores não têm fundo. Muitos dos documentos (pedidos de transferências, etc.) que lá entram... não saem mais. Acabam por fossilizar.
É um hospital onde os Enfermeiros especialistas co-adjuvam o chefe (que na realidade não precisa de ajuda) e não exercem a sua área específica. Oferecem-na objectivamente às varias classes de técnicos que florescem.
É um hospital onde os Enfermeiros não tem autonomia (os Médicos até prescrevem o sabonete). Para a prescrição de um paracetamol... ou está exigida em SOS ou é necessário uma panóplia de telefonemas. Nem as dietas podem prescrever.
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É um hospital com um intrincado e pré-histórico esquema de hierarquias, castas e vassalagens. Por lá, os Enfermeiros-Chefes pouco ou nenhum poder detêm. A única forma de se sentirem um bocadinho chefes de "alguma coisa" é exercer as résteas desse pouco poder para com os Enfermeiros, limitando ou proibindo trocas e outros malabarismos. Nos momentos em que o podiam mostrar (o tal poder) em prol da classe (perante os referidos "Professores"), fraquejam das pernas, ficam gagos ou com distúrbios intestinais. O resto do tempo é consumido em reuniões estéreis.
Há excepções à regra - bons chefes, líderes, mas estão embutidos num sistema pernicioso de rodas dentadas bem lubrificadas e tendenciosas.

Ordem abandona FNOPE!

Fonte (imagem): Ordem dos Enfermeiros
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Uma vez mais, fiquei atónito e receoso com o futuro. A Ordem dos Enfermeiros - que tanto se diz orientada para a união e usa, inclusivamente, o slogan "Ninguém está sozinho" - tomou a decisão unilateral de abandonar o Fórum Nacional das Organizações Profissionais de Enfermeiros (FNOPE).
O FNOPE é a agregação de quase todas as Associações Profissionais de Enfermagem, Sindicatos e Ordem, numa confluência que fomenta a corporação e pretende concertar posições, define estratégias conjuntas, alarga a representatividade da classe, promove o fortalecimento de todas as relações institucionais e a difusão da informação relacionada com a profissão.
Esta decisão parece oposta ao conceito de junção e pode incitar a fragmentação da classe. Já foram solicitadas as actas do Conselho Directivo da Ordem, no sentido de tentar perceber os motivos que despoletaram esta deliberação.
Se a Ordem não concorda com o funcionamento do FNOPE, parece-me que a opção mais sensata seria a convocação de um reunião geral, diagnosticar os problemas do mesmo e voltar a gerar novas regras de funcionamento. Julgo ser pertinente um esclarecimento detalhado por parte da Ordem dos Enfermeiros.
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[No dia 24/10/2016, às 10:46, ××××××××××÷ <××××××××××@gmail.com> escreveu: Em nome da Associação de Enfermeiros Especialistas em Enfermagem Médico-Cirúrgica, Venho por este meio solicitar esclarecimento sobre a posição que levaram a OE a abandonar o FNOPE de acordo com a ata minuta lavrada na 66ª Reunião do FNOPE a qual agradecemos o envio urgente no sentido de compreendermos as circunstâncias da carta que surpreendentemente recebemos da Bastonária da OE. Com esperança que este seja um passo de re-união institucional e não um momento de desagregação entre os enfermeiros e os seus representantes nos seus diversos papeis, deveres e direitos - pessoais e profissionais, aguardamos a resposta urgente. 
Sem mais assunto.]

De vitória em vitória, até derrota final!


Estou estupefacto! Na RTP, passou uma reportagem sobre infecções hospitalares (programa Sexta às 9). Regozijo-me por ter constatado que deram voz aos Enfermeiros nesta matéria!
Até o Bastonário dos Médicos esteve bem (imagine-se!)... ... mas fiquei boquiaberto quando ouvi a Bastonária dos Enfermeiros afirmar que "não há Enfermeiros em número suficiente para desinfectar camas de um doente para o outro"!!!!!!
Novas competências ou downsizing da profissão?!

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Novo grupo para reflexão de Enfermagem (a promessa é: o que quer que ali se escreva, chegará a "quem de direito")! 

Para que a opinião de cada um tenha uma consequência positiva! Contribuição efectiva!