sexta-feira, janeiro 29, 2016

11,616 euros.

Os Enfermeiros auferem vencimentos ridículos. É-lhes solicitado cada vez mais trabalho e responsabilidades em troca de um magro vencimento.
Para ilustrar, publico aqui o talão de vencimento de um amigo, Médico, que se disponibilizou para o efeito.
É apenas mais Médico do SNS, especialista, que cumpre o seu horário, horas de banco, prevenções e tem uma cama para dormir (a qual não contesto). Inexplicavelmente, o seu talão tem um belo conjunto de adicionais, que a Administrações não têm qualquer problema em pagar!! 
No mês em questão, auferiu 11,616 euros brutos.

Truques escondidos?

.
Hoje é greve geral e os Sindicato dos Enfermeiros Portugueses aderiu. Exigem a reposição das 35 horas semanais (quem não exige?) e a sua extensão para toda a classe (incluíndo CIT's).
Por sua vez, o Ministro da Saúde já veio afirmar que no sector da Saúde esta reposição será operacionalizável, apesar de, pese o facto, para o efeito, será necessário proceder a contratações para colmatar a escassez subsequente.
Ora, sendo do domínio comum a elasticidade e permissividade dos Enfermeiros relativamente à deterioração das suas condições de trabalho, é possível que a proposta se uma reposição faseada.
Assim, os Enfermeiros sem se aperceberem acomodar-se-se à redução de profissionais, sendo necessário apenas um conjunto de contratações mínimas compensatórias.
Apesar de todo, o Ministério da Saúde não solicitou às várias instituições de saúde qualquer informação concernente aos recursos humanos de Enfermagem, o que equivale a afirmar que não há rigor nas propostas nem nas medidas.

Diferenças sindicais.


Os Sindicatos Médicos reúnem-se, tomam posições conjuntas, delineiam estratégias e planeiam em comum. 
Os Sindicatos dos Enfermeiros digladiam-se, sonegam informações mutuamente e divergem de forma sistemática. 
O associativismo sindical em Enfermagem carece de evolução para outro patamar.

segunda-feira, janeiro 18, 2016

Suplementos remuneratórios: a reposição.

.
Muitos colegas têm questionado acerca da reposição das percentagens dos suplementos remuneratórios (o DL 62/79 que os determinam tem mais de 30 anos).
Como bem se recordam, o Governo PSD impôs (temporariamente, afirmaram!) uma redução dos suplementos (pagamento das chamadas "horas de qualidade") para metade. Quando serão repostos? Com muita mágoa e vergonha não é possível ler ou observar qualquer alusão a essa matéria por parte dos nossos sindicatos.
.
É preciso os Enfermeiros recorrerem ao Sindicato dos... Médicos (uma vez que ambas as profissão são reguladas pelo mesmo DL) para nos inteirarmos das novidades. Desconheço se se deve à incompetência ou à inabilidade para a comunicação no seio intra-classe. 
.
Novidades, aqui.
.
Ofício ao Ministro da Saúde (tem um erro - no fim, onde se lê "72/69", deve ler-se "62/79"), aqui.
.
Como eram os suplementos remuneratórios e como são agora, aqui.

sábado, janeiro 16, 2016

Regresso às 35h: esquemas e areia.

.
Num momento em que se discute o regresso às 35 horas semanais, eu tenho as minhas reticências, no que concerne à Enfermagem. Até porque este me parece um processo atabalhoado (muitíssimo bem-vindo, mas atabalhoado).O próprio Ministro das Finanças referiu que não existe qualquer estudo de impacto económico!
.
Há aqui algumas questões que me preocupam. A tal "negociação sector-a-sector" (a que o PS obriga), revela que a medida não será universal e terá excepções. Se a este raciocínio adicionarmos o facto do sector das Saúde ser um dos mais deficitários em termos de recursos humanos, rapidamente tiramos as respectivas ilações e as suspeitas tomam corpo.
Não podemos esquecer que por cada 7 Enfermeiros a regressar às 35 horas, terá de ser contratado 1 Enfermeiro. Isto compreende custos!! A não ser que… atirem areia para os olhos dos Enfermeiros e transformem isto num processo gradual, modelando a organização dos serviços e a adaptação à escassez de Enfermeiros.
.
Note-se que esta é a única forma da medida não ter o tal impacto económico que o Governo pretende.
Outra questão: se, eventualmente, os Enfermeiros regressarem às 35 horas, como ficam os CIT’s de 40 horas? Perpetua-se esta desigualdade anti-constitucional?
.
Em suma, percebe-se, com cada vez mais nitidez, a possibilidade dos Enfermeiros serem uma excepção ao regresso às 35 horas e como tal, o problema, no seio da nossa classe, deve ser tratado e acautelado de forma diferente; e aqui, neste ponto em particular, não tenho assistido a nenhuma intervenção sindical.
Espero estar completamente errado.

terça-feira, janeiro 12, 2016

Enf. Ana Rita Cavaco nos Prós e Contras.

.
Acabei de assistir ao Programa Prós de Contras, da RTP, que cuja temática versou sobre a organização dos hospitais. Contou com a presença da futura Bastonária, Enf. Ana Rita Cavaco, desta vez no próprio painel principal (e não com a presença na assistência).
É de realçar que é a primeira vez que um Enfermeiro é convidado para estar presente neste prestigiado espaço de debate televisivo. Há que reconhecer a vitória nesse sentido. Porém, não pude deixar de notar a falta de presença de personalidades importantes. Declinaram o convite? Estranho. Não vi o sempre presente Bastonário da Ordem dos Médicos, a representante do Administradores Hospitalares, o Ex-Ministro da Saúde, o actual Ministro da Saúde, etc. Estranho (outra vez).
No cômputo geral, a Enf. Ana Rita esteve calma e com uma boa capacidade em estruturar o raciocínio. Constatei alguma dificuldade em se impor e conciliar o seu discurso como a temática que estava em cima da mesa.
.
Em nota próloga, sou obrigado a corrigir um pormenor da Jornalista Fátima Campos Ferreira: a Enf. Ana Rita ainda não foi empossada como Bastonária. Sê-lo-á no próximo dia 30 de Janeiro. Portanto, se não estava presente como Bastonária… estava como quê?
É apenas um dos meus preciosismo irrelevantes, admito. Em que qualidade foi convidada? Adiante.
.
Não pude deixar de reparar que a sua primeira intervenção aconteceu após mais de meia hora de programa decorrido, justamente antes do primeiro intervalo, momento em que é absolutamente obrigatório a intervenção dos quatro elementos do painel. Aliás, de todos os elementos do painel, foi a que, lamentavelmente, menos tempo interveio. 
.
Achei que boa parte das suas intervenções não estavam devidamente contextualizadas com o debate. Fico satisfeito por ter referido muitas vezes a palavra “Enfermagem” ou "Enfermeiros". No entanto, estas questões avaliam-se pela bitola qualitativa e não por critérios de quantidade, e devo dizer que neste âmbito fiquei desiludido.
.
Ao primeiro segundo de antena, as palavras repetidas eram "faltam Enfermeiros". De tanta repetição, a certa altura, visivelmente, cansada da iteração discursiva, a própria Jornalista afirmou que já tinha percebido que havia falta de Enfermeiros! Parece-me que se os Enfermeiros querem ter credibilidade para estar presentes em discussões vitais do sector da saúde, não podem cair constantemente nestas iterações. No mínimo, devem introduzir o assunto de forma mais ajustada, para que o argumento se auto-valide e confira força à posição da pessoa (e não se perceba a avidez).
De grosso modo, percebi que independentemente do tema em questão, a Enf. Ana Rita Cavaco, levava meia dúzia de ideias-chave, interessantes para o ouvido, e que seriam obrigatoriamente aludidas.
Na sua primeira intervenção pública era imprescindível agradar os Enfermeiros.
Pese o facto, não posso deixar de ressalvar que a Enf. Ana Rita Cavaco, perdeu a maior oportunidade da noite. Deixo isto mais para o fim.
.
Ponto 1 - "Faltam Enfermeiros".
.
Argumentou com rácios da OCDE. Caros colegas, tenho reiterado desde sempre que os rácios da OCDE se consubstanciam como uma autêntica falácia argumentativa: estamos a comparar o incomparável. Isso pode ser muito prejudicial!
Vejamos: se recorremos aos rácios da OCDE - que, incluem, na sua contabilização de "Enfermeiros" todo o tipo de pessoal que de alguma forma tem alguma coisa a ver com a profissão: Enfermeiros, obviamente, mas também Técnicos e Auxiliares de Enfermagem - como forma de provar a escassez de Enfermeiros, temos de pensar em vários países com bons rácios, temos apenas 20% de Enfermeiros, incluídos nestes rácios. Os restantes são técnicos paralelos.
.
Obviamente, um Ministro da Saúde atento (e essa pertinência está cada vez mais próxima), se irá interrogar: como é que os outros países conseguem rácios tão interessantes?! Chegará muito rapidamente à conclusão que esses rácios são meros produtos da engenharia estatística (cujo o objectivo é a agradabilidade politica). Se nós queremos rácios da OCDE, um dia vamos ter rácios da OCDE, mas… recorrendo à estratégia desses países: criando a figura do auxiliar de Enfermagem. Como será de esperar o efeito será paradoxal – ao invés de necessitarmos de mais Enfermeiros, essa necessidade decrescerá.
Por outro lado, há uma contenda importante: todos nós queremos melhores salários! Certo. Porém, temos de estar preparados para o facto dos salários variam de forma inversamente proporcional com o tamanho da classe. Ou seja, se o nosso desiderato é um classe muito numerosa, temos de estar preparados para os baixos salários. É incorrecto? É.
Todavia, em boa verdade e em consonância com a realidade, sabemos que o maior bolo da massa salarial é, tradicionalmente, desviado para a classe médica. O restante destina-se aos outros profissionais. Quantos mais profissionais existirem, menos caberá a cada um. Podemos observar objectivamente este fenómeno em imensos países. É um problema que teremos de estar preparados para lidar. É como uma manta. Se tapamos a cabeça, destapamos os pés e vice-versa.
.
Ponto 2 - "Salários de 4 euros/hora".
.
Não é novidade. Todos sabemos. É um problema discutido em praça pública inúmeras vezes, com várias figuras públicas a tomar partido dos Enfermeiros, bem como uma boa parte da população. O problema não reside no problema. Reside nas possíveis soluções.
A Enf. Rita Cavaco terá o próximo quadriénio para o resolver. A genialidade estará aí.
.
Ponto 3 – "Desaparecimento dos Enfermeiros Especialistas".
.
A este argumento respondeu Leal da Costa, que o seu Ministério foi pioneiro no processo de empoderamento (“upshifting” – termo meu) dos Enfermeiros, tal como é recomendado por vários organismos da saúde mundial.
A Enf. Ana Rita não contra-argumentou.
.
Ponto 4 - A maior oportunidade (perdida) da noite.
 .
Deixando para trás as intervenções avulsas, a maior oportunidade da noite (e ainda por cima integrada no debate), foi quando a o ex- Secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa, declarou que deixou para este Governo a tarefa de negociar os salários dos Farmacêuticos, Psicólogos e Nutricionistas (cuja proposta ministerial para o início de carreira, se cifra nos 1600 euros de base).
Aqui foi a perdida da noite. Neste preciso momento, a Enf. Ana Rita deveria ter intervindo e exigido, cara-a-cara, em frente a todos, uma explicação sobre o facto dos Enfermeiros serem minorizados na sua carreira e o porquê de não merecem o mesmo tratamento salarial!! Era ali, naquele momento único.
Nas quatro paredes de um gabinete, o Dr. Leal da Costa poderia argumentar como bem entendesse: ali, em frente às câmaras teria de dar uma explicação lógica (que não existe). Estaria lançado o mote para o Governo PS, que agora teria a responsabilidade de nivelar o salário dos Enfermeiros. "Não concorda?" – perguntaria a Enf. Ana Rita Cavaco a representante do actual Ministério da Saúde lá presente, com o objectivo de o vincular a este problema (pressionando-o a uma resposta). Seria a maior estocada da noite.
Eu tiraria o meu chapéu!
.
Sobre o tema, a Enf. Ana Rita Cavaco disse pouco. Referiu que a organização do sistema cabe aos profissionais – Directores de Serviço e Enfermeiros-Chefes e não aos Conselhos de Administração (CA).
Todos sabemos que neste momento esta gestão intermédia está maniatada e excessivamente controlado pelos CA’s. Portanto, a ideia que passou para quem não está familiarizado com o sector foi:  "então a culpa é dos Médicos e Enfermeiros. Organizam-se mal"! E isto não corresponde à verdade. 
Não deixou qualquer proposta pública. Eu teria perguntado o porquê de nenhum Presidente de um CA ser Enfermeiro (se os Enfermeiros são bons gestores, tal não é compreensível)! Uma vez mais, impunha a obrigação de resposta aos presentes! Eu estava curioso com a respostas públicas...

terça-feira, janeiro 05, 2016

Novo Bastonário da Ordem dos Enfermeiros!

Caros colegas, as urnas virtuais da Ordem dos Enfermeiros encerraram há 38 minutos. A Enf. Ana Rita Cavaco é a nova Bastonária da Ordem dos Enfermeiros.

José Carlos Gomes para Bastonário!

.
Faltam algumas horas para o encerramento da votação para Bastonário da Ordem dos Enfermeiros. Eu voto José Carlos Gomes
.
.
Um Enfermeiro competente, conhecedor dos problemas que afligem a profissão, alguém que contribui(u) activamente para a diminuição do número de vagas para o acesso ao curso de Enfermagem, um defensor de uma profissão moderna e ajustada às crescentes necessidades da população, alguém que conhece o perigo dos rácios da OCDE; um Enfermeiro inteligente, sensato, ponderado e que em toda a sua vida profissional nunca abandonou os Enfermeiros e a Enfermagem!

segunda-feira, janeiro 04, 2016

Entre gregos e troianos, teremos novo Bastonário dentro de 48 horas.

.
Já começaram as votações para a eleição do próximo Bastonário da Ordem dos Enfermeiros (terminam terça-feira, dia 5, às 20h).
As nova lei que rege a Ordem dos Enfermeiros obriga a uma eleição por maioria. Caso tal não seja conseguida no primeiro sufrágio eleitoral, tem lugar uma "segunda volta" cujo único propósito é a votação para o cargo de Bastonário, onde apenas constarão os dois candidatos mais votados.
.
Na primeira volta, os principais candidatos derrotados foram os Enfermeiros Alexandre Tomás, Sérgio Gomes e Lúcia Leite. Neste segundo tempo, cada um destes deveria definir a sua posição e o seu apoio formal. A única que o fez foi a Enfermeira Lúcia Leite (que se posicionou em terreno neutro)...
.
Perante o silêncio do Enfermeiro Alexandre Tomás e Sérgio Gomes, é pertinente presumir que apoiam a Enf. Ana Rita Cavaco? É que aos "silêncios" se atribuem sempre a "presunção negra"...
Era urgente (e importante) que se definissem, porque esta estratégia de se "agradar a gregos e troianos" não beneficia em nada a profissão!


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

AmazingCounters.comVisitas ao blog Doutor Enfermeiro


tracker visitantes online


.

Novo grupo para reflexão de Enfermagem (a promessa é: o que quer que ali se escreva, chegará a "quem de direito")! 

Para que a opinião de cada um tenha uma consequência positiva! Contribuição efectiva!