terça-feira, março 04, 2008

Ingredientes: carreira, mega-estudo sobre Enfermeiros, mentiras q.b. e conspirações!


Com a nova carreira dos Enfermeiros prestes a ser proposta pelo Ministério da Saúde (por exemplo, já sabemos que terá 14 escalões... mas disso falaremos nos próximos posts...), chegam também os resultados de um mega-estudo europeu relativo aos Enfermeiros.

O estudo "NEXT" (Nurse's Early Exit Study) foi, segundo a Medical News, realizado por Autoridades Europeias no sentido de compreender o "desânimo" global vivenciado pelos Enfermeiros em toda a Europa.

As conclusões deste estudo foram muito claras: os "Enfermeiros sentem-se orgulhosos da sua profissão" mas, estão bastante descontentes com "a falta de condições laborais, tais como a falta de autonomia, limites de competências e salários". Existe também por toda a Europa uma elevada taxa de abandono da profissão devido ao "horário de trabalho", ao "desgaste profissional" que também "afecta as relações profissionais e familiares" e a "insuficiente protecção profissional".

A Medical News, no seu boletim quinzenal, alerta também para uma questão que eu pessoalmente também tenho vindo a debater - o conceito de Enfermeiro "diplomado".
Este conceito afecta inevitavelmente o cálculos dos rácios apresentados pela OCDE - e que vezes afecta os delírios de muita boa gente neste país à beira-mar plantado - pois, os rácios que a OCDE apresenta para a Enfermagem são sobrestimados, pois ao contrário de Portugal, não incluem só Enfermeiros "diplomados", mas também auxiliares de Enfermagem e outros técnicos! Fica esclarecido o delírio!

Por fim, a conspiração. Numa altura de negociações que envolvem uma nova carreira, nunca foi tão divulgada esta ilusão estatística como agora - os Enfermeiros Portugueses são os mais bem pagos da União Europeia (UE)!

Mas a Medical News não fica por aqui. Dá uma mãozinha aos médicos Portugueses afirmando que estes são "dos mais mal pagos da UE" ao mesmo tempo que apresenta gráficos que demonstram o contrário (ver gráfico seguinte)!! E esta, heim?
Usando uma linha de raciocínio desvirtuada da conjuntura global, afirma que os Enfermeiros Portugueses absorvem, em termos absolutos, uma razão de 1,8 do PIB per capita!
Esta ilusão acontece porque Portugal é um país pobre quando comparado com o grosso da UE, e como os salários portugueses são baixos, (sendo que os Enfermeiros apresentam um salário médio superior à mísera média nacional, ao contrário de muitos países mais desenvolvidos) até pode aparentar que em termos europeus somos bem pagos! Errado! Um exemplo: o salário médio, em 2005, dos Enfermeiros do Reino Unido foi cerca de 2780 euros, enquanto que no período homólogo os Enfermeiros Portugueses auferiam em média cerca de 1230 euros!

No plano nacional acontece o mesmo: quem não conhecer a realidade até poderá pensar que os Enfermeiros são majestosamente pagos. Enganam-se. Vamos a um exemplo concreto: a ARS Norte. Em 2006, o salário médio dos médicos foi 3418.92 euros, e o dos Enfermeiros 1329.83 euros, ou seja, apenas 39% do salário médico!

Outro factor de desmotivação entre os Enfermeiros Portugueses é o desemprego crescente e ingovernável. Retomando o mesmo alvo de exemplos, a ARS Norte, no que concerne a concursos, preencheu apenas 1 página de "nomes" constantes a candidatos para a categoria médica, meia página para a categoria de farmacêutico e apenas 42 páginas para a categoria de Enfermeiro! Revelador! Recentemente um Hospital Privado, sem ter anunciado qualquer lugar para Enfermeiros, recebeu apenas 1200 candidaturas! Muitas vozes se têm levantado contra o desemprego dos Enfermeiros, tal como o ex-Bastonário da Ordem dos Médicos entre outros. O artigo seguinte é claro neste aspecto! Boa leitura (Clicar para ampliar e ler)...


Comments:
Lá vem o Sr. Antonio Pereira outra vez com a história do ISAVE, já aqui foi explicado mais do que uma vez o que se passa no ISAVE, mas torno a repetir, se alguem pedir um enfermeiro ao ISAVE neste momento terá lá um ou dos enfermeiros (ou então terá de levar um dos docentes:)...experimentem, liguem para lá!...vão é dizer que 80% dos ex alunos estão a exercer a profissão em Espanha e por isso continuam no centro de desemprego em Portugal, á espera da sua opurtunidade....

Enfermeiros desempregados façam-se á estrada, descubram a Irlanda, os EUA, até mesmo a vizinha espanha...
 
Porra mas queriam o quê? Tiram cursos rascos e dá nisso. Fazem me lembrar os "shrinks", sociologos e aqueles animadores socioculturais.

Tão a rasca de papel? Venham para a FEUP e estudem a sério, tirem um curso a serio a ver se não ganham melhor e com menos stress.
 
Os Srs. Engºs já chegaram a este blog...o nosso primeiro também já ca deve ter vindo! grande engenheiro esse...

Anónimo da 1:26 da proxima vez que tu ou algum familiar teu precisar de um enfermeiro lembra-te das tuas palavras...

"Tiram cursos rascos e dá nisso."
 
Quem tira um curso superior, (certamente na maioria dos casos) é para ficar no seu país e contribuir para a construção do mesmo (era o que deveria ser) para não falar de outros factores, tais como familia, bem estar social...

Eu como contribuinte que sou há mais de uma decada, custa-me a que as pessoas com valor formados no nosso país á custa das nossas contribuições, vão dar o seu contributo para outro país á procura de algo que o nosso Portugal não pode dar infelizmente.

A emigração existe por causa disso mesmo, a procura de melhores condições monetárias. Tem é os seus custos na pessoa que vai...
Tem os seus custos tb para quem fica...
 
A mim, ninguém me tira da cabeça que estes números e estes estudos encomendados nesta altura do campeonato, em que a carreira de enfermagem se prepara para ser publicada, traz "água no bico"!...

Têm dúvidas???


ENFERMAGEM XXI
 
Meu caro das 1:26 AM;
Sabe, seria muito mais fácil entrar numa engenharia do que no curso de enfermagem, no ano em que entrei no ensino superior. MUITO MAIS FÁCIL.
Mas já agora, que saídas profissionais para as engenharias? Quais as engenharias que estão a ter saída?
Cívil, bioquímica, eletrotécnico? Hem?
Informática? É que se for assim ainda penso duas vezes...
 
Imperam medidas mais incisivas e cabais, de que vale se apenas uma fracção dos enfermeiros mostram o descontentamento face à precariedade laboral e evolução na carreira. Os enfermeiros operam num crepúsculo profissional, manietados por interesses corporativos e clínicos, portanto, este modelo biomédico sustentado em politicas de desinvestimento nos cuidados de saúde, que traduzem a perspectiva errónea de que os enfermeiros são meros executantes de uma prescrição médica (não muitas vezes errada ou desacertada face ao doente). Deste modo, se os enfermeiros actuassem apenas como executantes, sem ter em conta a especificidade do doente (humana e fisiopatologicamente), inexorávelmente o doente iria sofrer as consequências. É desânimo que afirmo que esta situação só poderá mudar quando o ministro da saúde mudar de epíteto, passando a chamar-se Enfª Ana Jorge. Este situação é manifestamente corporativista por parte da ministra, ao «arrastar» a negociação da carreira, provocando adiamentos sucessivos. O que está em causa são apenas e só direitos adquiridos, tal como os médicos, professores, técnicos superiores de saúde, entre outros - a remuneração justa de uma licenciatura.
 
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