quarta-feira, outubro 04, 2006

967 viagens ao contra-relógio...


Deixo-vos com um bom artigo retirado do "Jornal do Fundão" (Edição on-line), que fala sobre a VMER da Covilhã (Hospital Cova da Beira). É uma leitura interessante.

"Um ano de 967 viagens no contra-relógio da vida...

Geralmente são eles os primeiros a chegar junto dos doentes. «Voam» sobre o asfalto para ganhar segundos que poderão ser decisivos para salvar uma vida. São os 16 médicos e 16 enfermeiros da VMER
SOLTOU-SE centenas de vezes o estridente som da sirene, que soou alto por ruas e estradas. Pé a fundo no acelerador, que mais tarde serão decisivos todos os segundos na luta pela vida de alguém... As correrias pela garagem do hospital rumo ao carro foram mais que muitas. O batimento cardíaco aumentou tantas, tantas vezes, que já se terão perdido a conta. Chegaram centenas de vezes ao destino e depararam-se as mesmas centenas de vezes com mais um drama. Outro que têm que enfrentar. Eles e elas, que têm que manter a frieza, quando tudo desespera à sua volta. Centenas de vezes. São eles, muitas vezes, os primeiros a chegar. São os primeiros elos de ligação à vida. Fizeram- -no ao longo de um ano.

Fez no dia 7 de Janeiro um ano que chegou ao Centro Hospitalar da Cova da Beira, na Covilhã, a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER). Por 967 vezes teve que sair da garagem em inusitada aceleração, porque alguém, algures, assim o reclamava. Largos milhares de quilómetros, testemunhados pelo conta-quilómetros, foram percorridos por uma equipa de 16 médicos e 16 enfermeiros. Dia após dia, noite após noite, 24 sobre 24 horas. Na VMER viajam um médico e um enfermeiro, que conduz o veículo, não sem antes ter tido um curso intensivo de condução de viaturas de emergência. Não é só ligar a sirene e carregar no acelerador.

Este duo conduz o veículo de intervenção pré-hospitalar, concebido para o transporte rápido de uma equipa médica até ao local onde está o doente. Chegados ao local, o objectivo primordial passa por efectuar a estabilização pré-hospitalar. Depois de concluída esta fase, o médico da equipa da VMER faz ainda o acompanhamento do doente na ambulância até ao hospital, sendo que o enfermeiro traz de volta a viatura de emergência .

O médico Jorge Almeida, chefe da equipa da VMER, não tem dúvidas em considerar este um “trabalho gratificante para todos nós e penso que em termos de serviço prestado à comunidade, temos tido um óptimo feed-back da nossa actuação”, sendo que “somos, senão a VMER com mais operacionalidade, uma das mais operacionais do País”, salientando que esta operacionalidade deve-se, em muito, “ao empenho e ao espírito de sacrifício” dos 16 médicos e dos 16 enfermeiros da equipa.

As equipas da VMER são muitas vezes as primeiras a chegar ao local do sinistro e são elas que têm em mãos a pesada responsabilidade de dar os primeiros cuidados médicos, no sentido de garantir uma estabilização do doente. No local são confrontados com as mais diversas situações. “Não tenho um levantamento estatístico, mas tenho uma noção mais ou menos aproximada. São essencialmente situações de enfartes de miocárdio, de insuficiências respiratórias, de insuficiências cardio-respiratórias”, seguindo-se os traumatismos e os acidentes de via-ção, revela Jorge Almeida.

As faces destes profissionais por vezes parecem deixar transparecer uma estranha frieza quando se debatem com certos cenários, como desastres rodoviários, em claro contrataste com o que os circunda. Mas não é assim. As expressões faciais escondem o que sentem. “O treino que tivemos também se prende com essas situações, de encararmos com alguma, não digo frieza, mas com alguma racionalidade as situações”. Até porque dessa racionalidade pode resultar a salvação de muitas vidas. Eles sabem disso. Todos sabem disso.




Uma Enfermeira também com um curso intensivo de condução



Elisabete Fernandes tem 28 aos e é Enfermeira. Faz, desde a primeira hora, parte da equipa da VMER. Não sem antes ter tido um curso intensivo de condução de veículos de emergência. A perícia automóvel também faz parte agora do seu currículo. Sobre a sua experiência na equipa da VMER considera-a “muito boa”. Até porque “a adrenalina é diferente. É uma experiência diferente. É diferente ir ao local, ir ao encontro, do que receber na urgência”.

Ao longo deste ano já se deparou com visões “não muito bonitas”, casos “que impressionam”. E está-se preparado para tal, perguntamos? Elisabete Fernandes assegura que “nunca se está preparado”, mas “quando se chega ao local temos aquela frieza que é necessária para o momento”. A calma no local não impede que certas imagens não abandonem a memória tão cedo quanto o desejado: “leva-se sempre algumas imagens para casa”, diz.
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Jornalista: Nuno Francisco
Fonte: http://www.jornaldofundao.pt

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